Com ingressos esgotados, pouco mais de 2.200 pessoas - entre eles muitos atores e outros artistas brasileiros - estiveram na estreia da turnê brasileira de “The Infernal Comedy – Confissoes de um Serial Killer”, protagonizada pelo ator norte-americano John Malkovich, 57 anos, no Theatro Municipal.
Conhecido no Brasil pelo filme Quero Ser John Malkovich, sua performance na pele do assassino austríaco Jack Unterweger no tradicional palco carioca se mostrou tão excêntrica quanto seus papéis anteriores. O que não é exatamente novidade, já que Malkovich é conhecido por suas esquisitices.
Alternada por árias de Mozart, Vivaldi, Weber, Beethoven e Haydn, abrem-se as cortinas de The Infernal Comedy e o público se vê diante de uma orquestra barroca, sob a batuta do maestro Martin Haselbock para executar L’enfer (O Inferno), trecho de “Don Juan”, de Gluck.
Na tela em que o público acompanhou o ácido monólogo de John ora se lia o texto adiantado ora atrasado. Para aqueles que falam inglês, o ideal era esquecer qualquer forma extra de compreensão e seguir para as falas no idioma anglo-saxão. Afinal, Malkovich praticamente recitava o texto em inglês bastante compreensível até para aqueles que pararam o curso no nível médio.
Além disso, pareceu em diversos momentos que trocaram o técnico de iluminação minutos antes do espetáculo, pois a impressão é que ele estava perdido diante dos movimentos do protagonista. Pior: às vezes era possível ouvi-lo falando em seu rádio. Falhas de produção facilmente consertáveis para os próximos espetáculos em Salvador e em São Paulo.
Tirando estas questões, a grande surpresa ficou por conta das sopranos Marie Arnet e Kirsten Blaise – no Brasil, Blaise dividirá as apresentações com Sophie Klussman. Estas sim trouxeram energia e arrancaram aplausos da plateia (muito embora Malkovich tenha arrancado risos em muitas situações, caçoando de Los Angeles e do sotaque do ex-governador (austríaco) da Califórnia Arnold Schwarzenegger além dos cômicos improvisos em português ao falar João, bunda e o clássico obrigado.
De forma resumida, a originalidade com que o enredo da peça foi conduzido envolveu a plateia do Rio de Janeiro, mas a produção do espetáculo deixou a desejar em alguns momentos. Quem sabe isso não melhore em 2012, quando John Malcovich voltar ao Brasil no papel de Giacomo Casanova em "The Giacomo Variations", papel este que já está ensaiando.
Nota mental: se o Theatro Municipal passou por uma recente reforma, porque manter um telão tão antiquado e que dificulta a leitura? Não tinha um modelo mais moderno? Cri cri cri cri....
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