25 de janeiro de 2013

#ParabénsSP

#ParabénsSP pelos 459 anos!! Uma pré-adolescente ainda. Você chega lá. Roma tem quase 2.800 anos!! Rsrs

















24 de janeiro de 2013

Jornal El Pais retira edição das bancas após publicar foto falsa de hugo Chávez



O jornal espanhol El País foi forçado a retirar das bancas a edição desta quinta-feira. O mesmo foi feito com matérias publicadas em seu site. O periódico publicou foto, na capa, com montagem do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, hospitalizado.

A imagem, de má qualidade, foi tirada há "alguns dias", como disse anteriormente o El Pais e mostra um close  "do rosto de Chávez claro, calvo, com tubos inseridos através de sua boca".

Segundo a matéria, o jornal não conseguiu verificar de forma independente as circunstâncias, local e data da imagem, que não tinha assinatura.

"As políticas particulares de Cuba e as restrições informacionais impostas pelo regime tornaram impossível", justificou.

Obviamente, o El Pais já se desculpou pela publicação e soltou um comunicado assumindo o seu erro.

Obs: A taxa de desemprego na Espanha está em 26%. Infelizmente, depois desse que promete ser o primeiro grande mico do ano, o índice vai aumentar.

Obs 2: Hoje é Dia do Jornalista e do Escritor na Espanha. Um mico desse nível não poderia ter sido em dia melhor...

23 de janeiro de 2013

Samsung caminha para dominar o mundo

No dia 22 de dezembro, publicamos na coluna Negócios&Cia, do jornal O Globo, um especial sobre os produtos que haviam se destacado ao longo do ano (apesar de ter sido fraco para a indústria brasileira).

Entre eles, estavam os celulares (smartphones) e os tablets. Na ocasião, mostramos que no Brasil a Samsung tinha disparado em vendas, ultrapassado a Apple e liderava o mercado, conforme texto abaixo.

Celular e 'tablet'

A sul-coreana Samsung assumiu liderança em smartphones e tablets no Brasil em 2012, admitem em segredo as telefônicas. Analistas dizem que, para cada iPhone (Apple) vendido, a Samsung vende dois smarts. O mais cobiçado é o Galaxy (foto). O IDC Brasil estima que 59 milhões de celulares vão entrar no mercado brasileiro este ano; 16 milhões serão smartphones. A venda de tablets saltou 287% até outubro, diz a Nielsen. Há 20 marcas disponíveis; os brasileiros preferem as baratas. Aparelhos de até R$ 500 detêm 39% do segmento. No topo, a Samsung desbancou o iPad.

No dia 22 de janeiro, exatamente um mês depois, a CNN escreveu esta imensa reportagem para explicar porque a empresa sul-coreana estava desbancando os norte-americanos nas vendas globais. Vale a leitura.

16 de janeiro de 2013

O excêntrico (mas verdadeiro) discurso do diretor Leos Carax

O discurso foi surreal, mas ninguém pode dizer que ele não está certo. Numa Paris soturna, Oscar é um homem solitário que vive muitas vidas diferentes, nas quais assume papeis como o de assassino, de mendigo ou de pai. A sinopse do filme Holy Motors, por si só, também já é excêntrica.

Reconhecido por ser controverso, o francês Leos Carax deixou sua marca com seu discurso após ganhar com o filme acima o prêmio de Melhor Filme de Lingua Estrangeira pela Associação de Críticos de Los Angeles. Os americanos, óbvio, não gostaram da audácia. Mas suas falas são um deleite aos fãs dos filmes out Hollywood, estes "de língua estrangeira".

O discurso em inglês

"Hello, I'm Leos Carax, director of foreign-language films. I've been making foreign-language films my whole life. Foreign-language films are made all over the world, of course, except in America. In America, they only make non-foreign-language films. Foreign-language films are very hard to make, obviously, because you have to invent a foreign language instead of using the usual language. But the truth is, cinema is a foreign language, a language created for those who need to travel to the other side of life. Good night."

Tradução

“Olá, eu sou Leos Carax, diretor de filmes em língua estrangeira. Faço filmes em língua estrangeira a minha vida inteira. Filmes em língua estrangeira são feitos em todo o mundo, claro, com exceção dos Estados Unidos. Nos EUA, fazem apenas filmes de língua não-estrangeira. Filmes em língua estrangeira são muito difíceis de fazer, obviamente, porque é preciso inventar uma língua estrangeira ao invés de usar a linguagem costumeira. Mas a verdade é que o cinema é uma língua estrangeira, uma língua criada para quem precisa viajar para o outro lado da vida. Boa noite.”


Leia mais na Variety.

14 de janeiro de 2013

12 de janeiro de 2013

Maratona Oscar 2013: Argo




Constantemente criticado por seu potencial como ator, em suas jornadas como diretor, Ben Affleck arranca elogios. O tenso “Argo” é uma mostra de que sua “preparação” como roteirista e diretor de “Medo da Verdade” (2007) e “Atração Perigosa” (2010) chegou ao ápice, com um trabalho maduro e característico. É inegável que o fato de ser baseado em uma história real, e por si só dramática, colaborou para o sucesso do longa. Acrescente o fato de ter ficado em sigilo absoluto até a década de 90, quando Bill Clinton decidiu condecorar o agente Tom Mendez pela proeza de retirar seis funcionários da embaixada americana, hospedados na casa do embaixador canadense, durante a revolução iraniana. 

A história se passa em 4 de novembro de 1979, quando os iranianos, no auge da insurreição, fazem 52 americanos como reféns. No entanto, seis funcionários escapam do prédio e são recebidos pelo embaixador do Canadá. Não antes de terem negadas a sua entrada na embaixada inglesa e a neozelandesa. Era questão de tempo até serem descobertos. Sabendo disso, o especialista da CIA em “exfiltração”, Tony Mendez (Ben Affleck) arquiteta um plano non-sense para retirá-los do país: a realização de um filme de ficção científica ambientado no exótico oriente. Não sem a ajuda do produtor Lester Siegel (Alan Arkin) e do premiado maquiador John Chambers (John Goodman). 

Com essa história real, ele fez um dos melhores filmes do ano e com orçamento considerado baixo para os padrões hollywoodianos, cerca de US$ 45 milhões. Baseado no artigo de Joshuah Bearman, o roteirista Chris Terrio, apesar da pouca experiência, conseguiu incluir cenas bem humoradas quebrando a tensão contínua da película. Sem mencionar as incontáveis referências à cultura pop e as críticas ao governo norte-americano, o que torna impossível não comparar, em diversos momentos, com a situação atual em que nações como Estados Unidos, França e Israel passam com relação ao programa nuclear iraniano. 

O enredo continua bastante sensível para ter sido gravado em solo iraniano, apesar de já ter se passado 30 anos. Por questões de segurança, o filme foi feito na Turquia e não contou com nenhum iraniano. Simples: nenhum nativo quis participar com medo de represálias às suas famílias. 

Dois pontos a se destacar: a direção de arte primorosa – digna de Oscar - que recria um longa no estilo dos thrillers de espionagem dos anos 70 (como “Todos os Homens do Presidente”, de Alan J.Pakua, de 1976, ou mais longe ainda, “Intriga Internacional”, de Alfred Hitchcok, de 1959) e a metalinguagem, utilizando cenas de notícias reais e referências a “Planeta dos Macacos” e “Star Wars”.

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Atualização dia 15/03

O Globo de Ouro consagrou Argo com a estatueta de melhor filme de drama e deu a Ben Affleck o prêmio de melhor diretor, categoria na qual não foi nem indicado no Oscar.

Em suma: um tapa na cara da intelligentzia de Hollywood.


11 de janeiro de 2013

Rio, destino número 1 em 2013 para o NYT

"Cinquenta e três anos depois de o governo federal do Brasil fugir para Brasília, e décadas depois de São Paulo assumir como capital de negócios do país, o Rio está promovendo um retorno".

Com esta frase o jornal The New York Times abre matéria especial apontando o Rio de Janeiro na primeira posição entre os 46 destinos imperdíveis para o ano de 2013.A razão é simples: é melhor vir logo em 2013 "porque em 2014, o mundo inteiro vai estar lá!", diz o jornal.

Para explicar a escolha, cita ainda a Copa do Mundo de 2014, "os Jogos de Verão"* (Olimpíada de 2016), a abertura de uma série de museus ao longo deste ano e claro, a chegada de grifes estelares com a abertura do Village Mall (entre elas, a primeira loja Apple da América do Sul).

* Jogos de Verão é a forma norte-americana de se referir aos Jogos Olímpicos ou Olimpíada - eles usam esta forma porque, para os países que tem inverno rigoroso, a Olimpíada de Inverno é tão importante quanto a "Olimpíada de Verão".

Lista completa, aqui.

10 de janeiro de 2013

Sol



#moralonge



Oscar 2013


 As indicações ao Oscar 2013

Melhor filme
"Indomável sonhadora"
"O lado bom da vida"
"A hora mais escura"
"Lincoln"
"Os miseráveis"
"As aventuras de Pi"
"Amor"
"Django livre"
"Argo"

Melhor diretor
Ang Lee, "As aventuras de Pi"
Steven Spielberg, "Lincoln"
Michael Haneke, "Amor"
Ben Zeitlin, "Indomável sonhadora"
David O. Russel, "O lado bom da vida"

Melhor ator
Daniel Day Lewis, "Lincoln"
Denzel Washington, "O voo"
Hugh Jackman, "Os miseráveis"
Bradley Cooper, "O lado bom da vida"
Joaquin Phoenix, "O mestre"

Melhor atriz
Jessica Chastain, "A hora mais escura"
Jennifer Lawrence, "O lado bom da vida"
Emmanuelle Rivain, “Amor”
Quvenzhané Wallisin, “Indomável sonhadora”
Naomi Watts, "O impossível"

Melhor roteiro original
John Gatins, "O voo"
Mark Boal, "A hora mais escura"
Quentin Tarantino, "Django livre"
Michael Haneke, "Amor"
Wes Anderson e Roman Copolla, "Moonrise kingdom"

Melhor roteiro adaptado
“Argo”, Chris Terrio
“Indomável sonhadora”, Lucy Alibar e Benh Zeitlin
“As aventuras de Pi”, David Magee
“Lincoln”, Tony Kushne
“O lado bom da vida”, David O. Russell

Ator coadjuvante
Christoph Waltz, "Django livre"
Phillip Seymour Hoffman, "O mestre"
Robert de Niro, "O lado bom da vida"
Alan Arkin, "Argo"
Tommy Lee Jones, "Lincoln"

Atriz coadjuvante
Sally Field, "Lincoln"
Anne Hathaway, "Os miseráveis"
Jacki Weaver, "O lado bom da vida"
Helen Hunt, "As sessões"
Amy Adams, "O mestre"

Melhor filme estrangeiro
"Amor", Áustria
"No", Chile
"War witch", Canadá
"A royal affair", Dinamarca
"Kontiki", Noruega

Melhor animação
"Frankeweenie", Tim Burton
"Piratas pirados", Peter Lord e Jeff Newitt
"Detona Ralph", Rich Moore
"ParaNorman", Chris Butler e Sam Fell
"Valente", Mark Andrews e Brenda Chapman

Melhor longa documentário

“5 Broken Cameras”
“The Gatekeepers”
“How to Survive a Plague”
“The Invisible War”
“Searching for Sugar Man”

Melhor curta metragem de ficção

“Asad”, de Bryan Buckley e Mino Jarjoura
“Buzkashi Boys”, Sam French e Ariel Nasr
“Curfew”, Shawn Christensen
“Death of a Shadow (Dood van een Schaduw)”, Tom Van Avermaet e Ellen De Waele “Henry”, Yan England

Melhor curta documentário

“Inocente”, de Sean Fine e Andrea Nix Fine
“Kings Point”, de Sari Gilman e Jedd Wider
“Mondays at Racine”, de Cynthia Wade e Robin Honan
“Open Heart”, de Kief Davidson e Cori Shepherd Stern
“Redemption”, Jon Alpert e Matthew O’Neill

Melhor música

“Before My Time”, de “Chasing Ice”, por J. Ralph
“Everybody Needs A Best Friend”, de “Ted”, por Walter Murphy e Seth MacFarlane
“Pi’s Lullaby” de "As aventuras de Pi", por Mychael Danna e Bombay Jayashri
“Skyfall”, de “007 - Operação Skyfall”, por Adele Adkins e Paul Epworth
“Suddenly”, de "Os miseráveis", por Claude-Michel Schönberg, Herbert Kretzmer e Alain Boublil

Melhor trilha sonora

“Anna Karenina”, Dario Marianelli
“Argo”, Alexandre Desplat
“As aventuras de Pi”, Mychael Danna
“Lincoln”, John Williams
“007 - Operação Skyfall”, Thomas Newman

Melhor fotografia

“Anna Karenina”, Seamus McGarvey
“Django livre”, Robert Richardson
“As aventuras de Pi”, Claudio Miranda
“Lincoln”, Janusz Kaminski
“007 - Operação Skyfall”, Roger Deakins

Melhor montagem

“Argo”, William Goldenberg
“As aventuras de Pi” , Tim Squyres
“Lincoln”, Michael Kahn
“O lado bom da vida”, Jay Cassidy e Crispin Struthers
“A hora mais escura”, Dylan Tichenor e William Goldenberg

Melhor figurino

“Anna Karenina”, Jacqueline Durran
“Os miseráveis”, Paco Delgado
“Lincoln”, Joanna Johnston
“Mirror Mirror”, Eiko Ishioka
“Branca de Neve e o caçador”, Colleen Atwood

Melhor maquiagem

“Hitchcock”, Howard Berger, Peter Montagna e Martin Samuel
“O Hobbit: Uma jornada inesperada”, Peter Swords King, Rick Findlater e Tami Lane
“Os miseráveis”, Lisa Westcott e Julie Dartnell

Melhor direção de arte

“Anna Karenina”
“O Hobbit: Uma jornada inesperada"
“Os miseráveis”
“As aventuras de Pi”
“Lincoln”

Melhor curta de animação

“Adam and Dog”, Minkyu Lee
“Fresh Guacamole”, PES
“Head over Heels”, Timothy Reckart e Fodhla Cronin O’Reilly
“Maggie Simpson in 'The Longest Daycare'",
David Silverman “Paperman”, John Kahrs

Melhor edição de som

“Argo”, Erik Aadahl e Ethan Van der Ryn
“Django livre”, Wylie Stateman
“As aventuras de Pi”, Eugene Gearty e Philip Stockton
“007 - Operação Skyfall”, Per Hallberg e Karen Baker Landers
“A hora mais escura”, Paul N.J. Ottosson

Melhor mixagem
“Argo”
“Os miseráveis”
“As aventuras de Pi”
"Lincoln” “007 - Operação Skyfall”

Melhores efeitos visuais
"O Hobbit: Uma jornada inesperada"
“As aventuras de Pi”
“Os vingadores”
“Prometheus”
“Branca de Neve e o caçador”

Mais detalhes, no site da Academia


7 de janeiro de 2013

6 de janeiro de 2013

Os porteños nos adoram

Eu deveria ter feito uma pesquisa minuciosa de tudo o que fiz, principalmente ter lido as anotações da viagem, mas queria que este relato fosse genuíno, autêntico, e que revelasse as melhores lembranças. Escrevi um relato amplo, sinuoso e todo cheio de erros, assim como o inesperado dos vários momentos perdidos nas largas avenidas da arquitetônica Buenos Aires.

Podem apostar que confundi os nomes das organizações, detalhes dos acontecimentos, dos lugares em que estive, das pessoas que entrevistei etc., mas, mesmo assim, acho que vale a pena divulgar um relato tão impreciso e subjetivo porque nada como transmitir a áurea inspiradora dos ares bonaerenses.

Depois de desembarcar no Aeroporto Ezeiza e descobrir que não tinha mais fumaça nenhuma, alívio número 1 - o ar da capital estava "irrespirável" há poucos dias antes de chegarmos, em decorrência das queimadas intencionais da região rural que circunda a cidade. Os porteños sofriam com o denso humo que tomava conta da metrópole. Nem de longe as condições climáticas lembravam o que um dia deu nome ao local, os "buenos aires”.

Logo depois de perceber que do pulmão não sofreria, me impressionei com a autopista que liga Buenos Aires a outra província! Isso na ocasião me pareceu muito caro e sinal de que encontraria muita riqueza pelo caminho. Mas assim que entramos na rodovia, deparei-me com carros de marcas antigas e em péssimo estado de conservação, daqueles que nem os brasileiros pobres usam mais.

Primeira impressão que foi logo suprimida assim que cheguei à Avenida 9 de Julio, lá já era possível ver carros das marcas famosas, em melhor estado de conservação (mas que mesmo assim não era tão próximo da realidade automobilística que o Brasil, e em especial São Paulo, está passando).

- A Avenida 9 de Julio é a maior em largura do mundo, com mais de 10 faixas, informou orgulhoso o taxista, Fabián. No momento pensei em averiguar esta informação no futuro, mas como não o fiz até hoje, digo pelo que vi, larga ela realmente é. Além disso, a amplitude e a beleza arquitetônica das construções às suas margens também impressionam. Logo no primeiro dia já escutamos a música que marcaria a viagem.

Sábado à noite, depois de conhecer o Bruno, um brasileiro que estuda medicina em Buenos Aires, e ir tomar uns tragos no bairro da Recoleta, alguns amigos e eu fomos convidados para uma festa vai-saber-em-que-parte-da-cidade-de-Buenos-Aires (distante aproximados 15 km do centro) com apenas argentinos e argentinas. “Era tudo o que queria”, pensei. “Vou fugir destes lugares turísticos e conhecer a verdadeira Buenos Aires”.

Chegando ao local, era uma festa de jovens de 16 a 25 anos, com muita Cumbia e ritmos latinos. Nesse instante, qualquer receio quanto à recepção dos hermanos foi dissipada (assim como a fumaça das queimadas): os porteños adoram os brasileiros!!! Sem contar que todos tentam falar português, elogiam nossa política, democracia, praias e claro, as belas mulheres. Outro episódio também poderia bem resumir o sentimento que me tomou durante a viagem...

Estava com um grupo grande de argentinos, alguns amigos do Brasil e dois brasileiros que moravam lá quando nos dirigimos a uma pizzaria na Calle Callao (muitas histórias aconteceram nesta rua emblemática cá para este brasileiro, mas isto fica para uma próxima vez), uma discussão viva animava os participantes que pensavam nas possibilidades de ir ou não para um boliche* comemorar o aniversário deste que vos faz este relato – sim, era meu aniversário. (Boliche = balada, no espanhol da Argentina).

Eram umas dez pessoas, com idades variando entre 19 e 23 anos. A mais jovem dos participantes, nos recebeu com um sorriso e nos levou a dar uma volta naquele prédio enorme (ok, não era prédio, nem era tão enorme, mas pelo tanto que andamos, assim me pareceu). Fomos levados a todos os ambientes, no terraço, tínhamos uma linda vista da avenida, cheia de carros e podíamos ver também os cafés e os escritórios dos prédios em frente. Era uma sensação esquisita.

A Argentina estava passando por um processo intenso. São fábricas ocupadas, assembleias reunidas periodicamente apenas na cidade de Buenos Aires, mas os carros novos, bairros elegantes e bem conservados estes estava,m em falta. Mesmo assim, apesar da simpatia com os brasileiros, todos se comportavam como se fossem italianos oriundos de Milão.Apesar dessa balbúrdia política, a vida continuava, como se nada acontecesse. Do alto, víamos os taxis, os escritórios e todos os Havanas.

Dava a impressão que muita gente ali estava vivendo sem que sequer soubesse dessa efervescência subterrânea... Era realmente algo muito estranho... Mas sabiam, estavam apenas vivendo da forma mais rotineira possível. Os dias se seguiam e meu ótimo senso de localização me fez decorar os principais bairros e suas avenidas apenas olhando minuciosamente um mapa do metrô. Dona Vivian, minha companheira de viagem, se sentia completamente à vontade em qualquer parte da cidade que estivesse sabendo que voltaria comigo.Sim, eu era o seu "personal GPS". Por alguma razão inexplicável, tinha a total certeza que não se perderia.

Mas, graças a esse mapa e às viagens pela cidade, fiquei com uma grande dúvida. O que vale mais a pena: um metrô considerado de ótima qualidade, com certificações e apontado como um dos melhores do mundo quanto à limpeza, rapidez e segurança (mas com preços exorbitantes e espremidos mais que atum) ou uma linha que oferece estações que levam a quase todos os pontos da cidade, entretanto suja, com vagões antigos (o de madeira é histórico, portanto não conta, vale a pena a visita) lento, mas que é acessível a todos os bolsos, tanto os dos brasileiros quanto os dos argentinos?

Esse é um tema para longa discussão, a questão é que o transporte público na cidade de São Paulo (atualização para 2013: essa comparação deveria ter sido feita com o Rio, de longe o pior metrô do Brasil) deixa muito a desejar mas possuímos um dos melhores sistemas de metrô do mundo. O preço alto é que não colabora. Pagar R$ 2,40 (que tempo bom, que não volta nunca mais!!) para qualquer trabalhador comum é inviável. Buenos Aires possui 68 estações, numa área três vezes menor que a ocupada pela capital paulista e possui tarifa de ônibus também considerada barata por qualquer porteño.

Viajar a outros países nos faz valorizar a nossa cidade e racionalizar se nossos problemas são realmente os piores. A encruzilhada é: metrô mais caro, com poucas opções de estações mas excelente qualidade ou metrô mais barato, com muitas opções de estações e qualidade duvidosa? Eu cá tenho minhas dúvidas...

Nós, brasileiros (e não apenas nós), adoramos ir para Buenos Aires, cidade cuja urbanização nos parece tão mais satisfatória, com suas avenidas largas, espaços públicos, tantas livrarias quanto o Brasil inteiro, mais seus cafés, onde comemos chorizo e bebemos Malbec e pensamos em Jorge Luis Borges, para não falar de Cortázar, Saer, Arlt e tantos mais. Todos os dias às 17hs parava tudo e entrava em um Havana para me deliciar com seus doces, chocolates e claro, o café. Sou apaixonado por cafés bem elaborados.

No entanto, como ficamos sempre tempo suficiente para as compras e para essa contemplação idílica, não ficamos atentos aos problemas deles. Tão comuns e inóspitos quanto os nossos. Admiramos a baixa taxa de analfabetismo e a coragem dos panelaços, assim como o cinema recente, mas nos esquecemos da inflação e da infraestrutura inadequada.

Não cedemos nada em nossa preferência (e não só nossa) por Pelé, mas admiramos o futebol de Maradona e seus herdeiros. Esse é um assunto que não tem ponto comum. E agora com Messi? E eles, argentinos, também gostam muito dos brasileiros, da música de Tom Jobim e Chico Buarque e muitos outros, do futebol de Pelé e Rivelino, dos restaurantes de São Paulo e da paisagem do Rio, para não falar das praias catarinenses. Ultimamente invejam até mesmo nossa suposta estabilidade política.

Falando em estabilidade política, lembrei-me de um amigo do começo de carreira, bem do começo, o saudoso Daniel Piza. No parágrafo seguinte, ele expressa bem a dicotonomia Brasil versus Argentina.

“Ambos os povos são passionais, cada um a seu estilo. O argentino é exigente demais, briguento, senão neurótico, mas o faz para defender um ideal político e uma vida mais justa; o brasileiro prefere sempre o consenso, por mais fracos os critérios em que se dá. Os fantasmas argentinos, como Perón, pesam; os brasileiros, como Getúlio, finge-se que não. O argentino se acha europeu; o brasileiro lamenta não ser. Se num país o complexo de superioridade descamba em autocrítica melancólica, no outro o sentimento de inferioridade está sempre pronto à auto-exaltação. De qualquer forma, a questão é muito parecida, porque envolve escapar de dilemas culturalmente impregnados ao longo da história, abandonar mitos como o da esperteza mestiça e enfrentar os problemas de modo mais pragmático, menos personalista. Aí não há Mercosul que dê jeito. Sem trabalho e clareza não existe solução”.

É por isso que não se deve ter medo de conhecer a força e coragem argentina e sempre que possível, refletir sobre a sociedade brasileira. Passar alguns dias na capital portenha e viver a aventura bonaerense como se estivesse na década de 30 é interessante, mas é importante refletir sobre audácia dos argentinos por constantemente questionarem seus políticos e seus problemas protestando, de fato. Mas, como também queremos viver de Tango, toda trip tem sua trilha sonora. Não há sensação melhor no retorno que cantar a todos, em alto e bom tom: lo que pasó, pasó, entre tu y yo!

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Relato escrito em abril de 2008, pouco depois de uma viagem de uma semana a Buenos Aires.
Obs: não sei porque decidi postar apenas hoje, mais de quatro anos após a viagem...

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