17 de maio de 2011

Quem perdeu o controle?


Na ópera I Pagliacci, de Leoncavallo, uma trupe de atores chega para apresentar uma comédia num povoado de uma pequena província italiana. Na apresentação, há um triângulo amoroso entre Colombina, Pagliaccio e Arlecchino, que espelha outro triângulo entre intérpretes desses personagens – a tal ponto que a “ficção” da comédia começa a se embaralhar com a “realidade” dos atores. Essa ópera é um exercício de metalinguagem, de cena dentro da cena. Um jogo curioso, por jogar um holofote no mundo privado dos criadores.

Lançaram mão desse recurso artistas de todas as áreas, na literatura de Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade, na pintura de Munch e Velásquez, no cinema de Woody Allen, Hitchcock e Kurosawa. A metalinguagem é um caminho desejado pelo autor para se colocar um pouco mais ao olhar do outro, derrubando essa fronteira, chegando mais perto. Eu sou fã desse movimento e me divirto me sentindo cúmplice dessa íntima exposição.

Ótimo texto do Fábio Assunção para a Trip.

13 de maio de 2011

Churrasco da “gente diferenciada” é um tapa na cara de Higienópolis

Pouco tempo antes desse texto, mais de 50.000 pessoas se inscreveram no Facebook para participar do "Churrasco da Gente Diferenciada", protesto contra o raciocínio esnobe de um grupo de 3.500 pessoas da pseudo inteligentzia paulistana que praguejavam contra a decisão de uma estação de metrô no coração do endinheirado bairro de Higienópolis.

Não sei o que é pior. A falta de raciocínio desse grupo, que gasta milhares de dólares para fazer compras na 5ª Avenida, em Nova York,– local também onde estão localizadas, na face sul, as lojas de grife mais caras da cidade - e voltam para seus hotéis nos imundos, barulhentos e sombrios vagões do metrô da cidade ou a inocência em achar que chegaria uma “gente diferenciada” só por que uma estação seria implantada no local.

Por acaso algum de vocês, que já esteve em Nova York, se lembra de “gente diferenciada” diante da estação da Avenida Lexington com a rua 59? Sinceramente, não!

Não tiro a razão de quem diz que a minha São Paulo é elitista e excludente, individualista e preconceituosa quando fatos assim ocorrem. Mas, ao invés de pegar em armas, sair atirando ou depredando, “a gente diferenciada” deu a melhor resposta que esses boçais poderiam ter: um churrasquinho com refrigerante barato, carne de gato e claro, pagode!

Tem tapa na cara maior que esse? Pessoalmente, não teria planejado uma réplica tão boa quanto esta que meu mais novo amigo Danilo Saraiva criou.

Resumo. As pessoas deixaram mensagens como "eu vou tomar o refrigerante barato" ou "Eu vou trazer a maionese" e ainda “Levo a carne de gato”, com mais intensidade depois que o governo do Estado de São Paulo derrubou os planos de criar a estação Higienópolis.

O Metrô disse na quarta-feira (11) que está sendo avaliada uma nova localização para a Estação Angélica da Linha 6-Laranja. Nosso querido e estimado governador Alckmin negou que a forte pressão dos moradores do bairro tenha motivado a decisão.

Mas só essa explicação não colou. O Ministério Público de São Paulo solicitou à presidência da Companhia do Metropolitano – jeito oficial de se referir ao metrô - e à Secretaria de Transportes Metropolitanos quais as razões técnicas para a mudança da estação, que agora vai ficar mais próxima do estádio do Pacaembu.

Claramente, o objetivo é saber se a pressão dos moradores contribuiu para a mudança. Ao que tudo indica, segundo argumenta o promotor Antonio Ribeiro, “não se pode aceitar a ideia de que um grupo de pressão seja capaz de determinar onde fica uma estação de metrô”.

Agora entendo o que, há poucas semanas, quis dizer o presidente do todo-poderoso país-do-norte ao afirmar que o Brasil era um exemplo da vibrante democracia que emergira após anos de ditadura.

Podemos um dia ser ricos, mas nosso caldeirão efervescente de ideias, gostos, perfeições e imperfeições vai continuar criando esse caos sensacional em que vivemos, pois não queremos ser iguais a estes quatrocentões preconceituosos.

Ao contrário, somos vibrantes justamente por que nossa civilização é imperfeita, e é graças a ela que nos damos ao luxo de chegarmos ao quintal do vizinho que atira pedras e convidá-lo para um churrasquinho.

Mas afinal, para que uma estação em Higienópolis? Estação de metrô é coisa de bairro rico, riquíssimo, eu diria até milionário. E Higienópolis, tá longe de ser isso em São Paulo, tem muitos outros bairros mais chiques.

Frases

"Eu não uso o metrô. Isso vai acabar com a tradição do bairro", psicóloga Guiomar Ferreira a um repórter para folha.com.

"Você já viu o tipo de pessoas que estão ao redor das estações de metrô? Viciados em drogas, mendigos ... gente diferenciada”.

11 de maio de 2011

Oito mitos sobre o Rio de Janeiro

Praia de Botafogo
Foto: Sérgio Vieira


MITO: Você vai encontrar muitas praias de nudismo.

FATO: Nas praias do Rio de Janeiro podem ser observadas diminutas roupas de banho, mas fazer topless é ilegal, exceto na única praia da cidade onde o nudismo é permitido, Abricó.

MITO
: A taxa de criminalidade continua a subir.

FATO: Eu fui advertido repetidamente para evitar andar sozinho durante o dia e especialmente à noite, que os ladrões e outros criminosos ficam esperando em quase todas as esquinas. Na verdade, eu não acho o Rio mais perigoso do que qualquer outra capital importante que eu visitei.

E os índices de criminalidade do Rio têm diminuído, com 2.010 marcando a menor taxa de homicídio desde que se começou a fazer esta medição. E, se você comparar os roubos de veículos e homicídios em fevereiro de 2011 com os de 2010, cada crime caiu em pelo menos 14%.

Não admira: os policiais são motivados a manter o baixo índice de criminalidade - cada um recebe um bônus de 1.800 dólares se a sua região observar um declínio da criminalidade durante o ano.

Além disso, com a próxima da Copa do Mundo 2014 e Olimpíada de 2016, a cidade tem intensificado seus esforços de combater o crime por meio das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) mobilizados em favelas da cidade para combater o tráfico de drogas.

Confira mais no Huffington Post.

10 de maio de 2011

Como foi o massacre da Escola Municipal Tasso de Oliveira?


Vi muitos infográficos, mas este da Revista Época resume
com bastante apreço o que aconteceu naquela fatídica
manhã do dia 07 de abril.

Crimes em nome de uma boa reportagem

Comprar armas, drogas, documentos e diplomas, se infiltrar com traficantes, entre outras práticas. Como você reagiria se seu editor lhe pedisse para cometer um crime para alertar as autoridades?

Na semana passada, o repórter Graciliano Rocha, da Folha de S. Paulo adquiriu um revólver calibre 38 no lado paraguaio da fronteira que liga Ciudad del Este a Foz do Iguaçu, no Paraná. O jornalista devolveu a arma à Polícia Federal e assinou um termo de declarações e um auto de apreensão.

Muitos repórteres brasileiros já se aventuraram por esses caminhos, como é o caso do jornalista Nelito Fernandes, repórter da revista Época, que no mês passado comprou um revólver Taurus calibre 38 para mostrar como é fácil conseguir uma arma como a usada por Wellington Menezes de Oliveira, o atirador que matou 12 crianças na escola de Realengo.

“A delegacia abriu um inquérito para apurar o caso, mas no primeiro momento entendeu que não houve delito, porque eu fiz a reportagem para denunciar o esquema”, explicou Nelito. Caso seja denunciado pelo Ministério Público ou sofra algum processo, o jornalista explica que a revista lhe dá assistência. “A revista acompanha tudo, dá todo o respaldo jurídico”. (Continue lendo a matéria completa no comuniquese).

Há alguns meses, um amigo meu de uma revista brasileira tentou fazer uma matéria sobre para provar a facilidade em se comprar armas facilmente. A revista, no início, autorizou a reportagem, mas depois, com medo de enfrentar problemas com o departamento jurídico, pediu que ele interrompesse as negociações.

Já há poucos dias, um site brasileiro também pediu que um repórter nem iniciasse a pauta com as mesmas alegações.

Pessoalmente, não vejo problemas em realizar este tipo de matéria desde que todos os passos sejam acompanhados pelos editores e pelo departamento jurídico da empresa. Se o veículo concordar em resguardar o jornalista em caso de qualquer denúncia do Ministério Público, tranquilo. Do contrário, fica inviável para o repórter continuar com a pauta.



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