17 de maio de 2011

Quem perdeu o controle?


Na ópera I Pagliacci, de Leoncavallo, uma trupe de atores chega para apresentar uma comédia num povoado de uma pequena província italiana. Na apresentação, há um triângulo amoroso entre Colombina, Pagliaccio e Arlecchino, que espelha outro triângulo entre intérpretes desses personagens – a tal ponto que a “ficção” da comédia começa a se embaralhar com a “realidade” dos atores. Essa ópera é um exercício de metalinguagem, de cena dentro da cena. Um jogo curioso, por jogar um holofote no mundo privado dos criadores.

Lançaram mão desse recurso artistas de todas as áreas, na literatura de Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade, na pintura de Munch e Velásquez, no cinema de Woody Allen, Hitchcock e Kurosawa. A metalinguagem é um caminho desejado pelo autor para se colocar um pouco mais ao olhar do outro, derrubando essa fronteira, chegando mais perto. Eu sou fã desse movimento e me divirto me sentindo cúmplice dessa íntima exposição.

Ótimo texto do Fábio Assunção para a Trip.

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