Comprar armas, drogas, documentos e diplomas, se infiltrar com traficantes, entre outras práticas. Como você reagiria se seu editor lhe pedisse para cometer um crime para alertar as autoridades?
Na semana passada, o repórter Graciliano Rocha, da Folha de S. Paulo adquiriu um revólver calibre 38 no lado paraguaio da fronteira que liga Ciudad del Este a Foz do Iguaçu, no Paraná. O jornalista devolveu a arma à Polícia Federal e assinou um termo de declarações e um auto de apreensão.
Muitos repórteres brasileiros já se aventuraram por esses caminhos, como é o caso do jornalista Nelito Fernandes, repórter da revista Época, que no mês passado comprou um revólver Taurus calibre 38 para mostrar como é fácil conseguir uma arma como a usada por Wellington Menezes de Oliveira, o atirador que matou 12 crianças na escola de Realengo.
“A delegacia abriu um inquérito para apurar o caso, mas no primeiro momento entendeu que não houve delito, porque eu fiz a reportagem para denunciar o esquema”, explicou Nelito. Caso seja denunciado pelo Ministério Público ou sofra algum processo, o jornalista explica que a revista lhe dá assistência. “A revista acompanha tudo, dá todo o respaldo jurídico”. (Continue lendo a matéria completa no comuniquese).
Há alguns meses, um amigo meu de uma revista brasileira tentou fazer uma matéria sobre para provar a facilidade em se comprar armas facilmente. A revista, no início, autorizou a reportagem, mas depois, com medo de enfrentar problemas com o departamento jurídico, pediu que ele interrompesse as negociações.
Já há poucos dias, um site brasileiro também pediu que um repórter nem iniciasse a pauta com as mesmas alegações.
Pessoalmente, não vejo problemas em realizar este tipo de matéria desde que todos os passos sejam acompanhados pelos editores e pelo departamento jurídico da empresa. Se o veículo concordar em resguardar o jornalista em caso de qualquer denúncia do Ministério Público, tranquilo. Do contrário, fica inviável para o repórter continuar com a pauta.
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