12 de janeiro de 2013

Maratona Oscar 2013: Argo




Constantemente criticado por seu potencial como ator, em suas jornadas como diretor, Ben Affleck arranca elogios. O tenso “Argo” é uma mostra de que sua “preparação” como roteirista e diretor de “Medo da Verdade” (2007) e “Atração Perigosa” (2010) chegou ao ápice, com um trabalho maduro e característico. É inegável que o fato de ser baseado em uma história real, e por si só dramática, colaborou para o sucesso do longa. Acrescente o fato de ter ficado em sigilo absoluto até a década de 90, quando Bill Clinton decidiu condecorar o agente Tom Mendez pela proeza de retirar seis funcionários da embaixada americana, hospedados na casa do embaixador canadense, durante a revolução iraniana. 

A história se passa em 4 de novembro de 1979, quando os iranianos, no auge da insurreição, fazem 52 americanos como reféns. No entanto, seis funcionários escapam do prédio e são recebidos pelo embaixador do Canadá. Não antes de terem negadas a sua entrada na embaixada inglesa e a neozelandesa. Era questão de tempo até serem descobertos. Sabendo disso, o especialista da CIA em “exfiltração”, Tony Mendez (Ben Affleck) arquiteta um plano non-sense para retirá-los do país: a realização de um filme de ficção científica ambientado no exótico oriente. Não sem a ajuda do produtor Lester Siegel (Alan Arkin) e do premiado maquiador John Chambers (John Goodman). 

Com essa história real, ele fez um dos melhores filmes do ano e com orçamento considerado baixo para os padrões hollywoodianos, cerca de US$ 45 milhões. Baseado no artigo de Joshuah Bearman, o roteirista Chris Terrio, apesar da pouca experiência, conseguiu incluir cenas bem humoradas quebrando a tensão contínua da película. Sem mencionar as incontáveis referências à cultura pop e as críticas ao governo norte-americano, o que torna impossível não comparar, em diversos momentos, com a situação atual em que nações como Estados Unidos, França e Israel passam com relação ao programa nuclear iraniano. 

O enredo continua bastante sensível para ter sido gravado em solo iraniano, apesar de já ter se passado 30 anos. Por questões de segurança, o filme foi feito na Turquia e não contou com nenhum iraniano. Simples: nenhum nativo quis participar com medo de represálias às suas famílias. 

Dois pontos a se destacar: a direção de arte primorosa – digna de Oscar - que recria um longa no estilo dos thrillers de espionagem dos anos 70 (como “Todos os Homens do Presidente”, de Alan J.Pakua, de 1976, ou mais longe ainda, “Intriga Internacional”, de Alfred Hitchcok, de 1959) e a metalinguagem, utilizando cenas de notícias reais e referências a “Planeta dos Macacos” e “Star Wars”.

------
Atualização dia 15/03

O Globo de Ouro consagrou Argo com a estatueta de melhor filme de drama e deu a Ben Affleck o prêmio de melhor diretor, categoria na qual não foi nem indicado no Oscar.

Em suma: um tapa na cara da intelligentzia de Hollywood.


Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails