18 de junho de 2011

Projetos que mudam uma cidade

A cidade de Nova York inaugurou a segunda seção de uma das grandes novidades do seu verão, a High Line. Perdoem-me a comparação, mas ela seria uma espécie de Minhocão (em São Paulo) ou um Elevado da Perimetral (no Rio de Janeiro) e corta mais de 20 blocos a partir do Meatpacking District.

O Prefeito da Cidade de Nova York, Michael R. Bloomberg, criou o primeiro parque suspenso dos EUA. E virou uma febre entre os moradores da cidade e os turistas. Construído sobre uma ferrovia tombada que data da década de 30, a High Line foi aberta, oficialmente, em 2009.

Após anos de planejamento, a segunda fase do projeto conectará mais dois bairros: West Chelsea e Midtown West.

Segundo Bloomberg, desde que o projeto da High Line foi inaugurado, os bairros no entorno desembolsaram mais de US$2 bilhões em melhorias, com a construção de mais de 1.000 novos quartos de hotel, galerias de arte, lojas, restaurantes e um florescimento urbano e imobiliário sem precedentes.




A segunda fase dobra o tamanho do parque que há dois anos tirou Meatpacking District do ostracismo. Após uma batalha para que a antiga linha férrea não fosse demolida, a Associação Amigos da High Line conseguiu seu tombamento oficial. E com a ajuda do Prefeito Bloomberg, também levantou recursos para a restauração de toda a área, convertida em parque suspenso.

Os resultados foram muito surpreendentes, pois criaram uma área verde inusitada em meio a um perímetro quase que totalmente industrial, levando designers e marcas famosas a ocuparem galpões antes desvalorizados. Ou seja, revitalizou bairros decadentes da cidade, mais ou menos o que ocorre em Sao Paulo, o Minhocão corta bairros que outrora já foram considerados pujantes e que hoje exprimem a decadência e os maus tratos à cidade.

Graças à Hogh Line, hoje em dia é possível conferir a transformação meteórica da região, convertida em uma das zonas mais descoladas de Nova York. Além de sua intensa vida noturna, é possível se hospedar em um dos novos hotéis com vista para o verde suspenso e caminhar 2.500 metros em meio a natureza, cortando 19 quadras e três bairros diferentes sem nenhum carro à vista.

A Seção 2 tem entrada entres as avenidas 10 e 11, oferecendo uma experiência urbana única ao turista com prédios e casas históricas emolduradas pelos famosos Chrysler Building, Empire State Building e o New Yorker Hotel.

A paisagem preza por estruturas dos trilhos preservadas como na concepção original da ferrovia. Os paisagistas também optaram por manter a vegetação natural que crescia nos trilhos abandonados, criando um efeito ligeiramente "selvagem".

Os guard rails, verdadeiros tesouros da art deco foram restauados e harmonizam com as pistas de cooper e área de descanso criadas para integrar famílias, locais e turistas em torno do Hudson Rail Yards, entre a West 30th e West 34th St.

Durante todo o verão, praças públicas oferecerão experiências gastronômicas, contarão com instalações artísticas, apresentações musicais e culturais.

Seria este um bom destino para o Minhocão?

16 de junho de 2011

Como cobrir desastres?

Quem já esteve em uma área que passou por uma tragédia, em algum momento,
se perguntou se estava realizando a melhor cobertura.

Seja um tsunami, uma enchente sem precedentes no meio urbano ou um terremoto, há formas corretas para jornalistas e outros profissionais lideram com cada situação.

Neste arquivo em PDF, elaborado pela ONU (organização das Nações Unidas), há uma série de orientações e dicas para que jornalistas consigam lidar da melhor forma
com algumas situações que poderão enfrentar durante a cobertura.

Este ano, o Brasil passou por um desastre na Região Serrana, chuvas no nordeste, em Sao Paulo, enchentes em abril no Rio de Janeiro, uma ventania no Sudeste e
o isolamento de Roraima também por conta das chuvas.

Está vendo? Vale a pena dar uma olhada no manual.

15 de junho de 2011

O texto jornalístico e o juridiquês

Simples, conciso, direto, sem palavras difíceis ou eruditas. Um meio-termo entre a linguagem escrita e a oral. Esse deveria ser a essência de um bom texto jornalístico noticioso. Originário do final do século XIX nos Estados Unidos e dominando até hoje o padrão textual da imprensa do Ocidente, o texto jornalístico noticioso clássico começa a dar espaço a outras formas de experimentações.

Dicionário de termos jurídicos

Não é raro ver em veículos da imprensa brasileira ocasiões em que editores em momentos felizes deixam seus repórteres utilizarem textos mais trabalhados estilisticamente para falar (e contar) sobre fatos corriqueiros.

Vide um obituário que li certa vez no Estadão sobre a morte de um colega de redação, ou mesmo quando em um simples texto sobre o Dia dos Namorados a famigerada pirâmide invertida deu espaço a um texto original e gostoso de ler.

Mas convenhamos, nem sempre é possível ser tão conciso assim. O exemplo mais clássico é quando jornalistas têm que redigir, de forma compreensível, as sentenças ou decisões corriqueiras do Ministério Público. O juridiquês se torna um pesadelo.

A linguagem usada nos tribunais brasileiros, sinceramente, não é de fácil entendimento para a maioria dos cidadãos – muitas vezes, nem para os jornalistas. Embora seja a forma mais erudita, esta não pode se tornar uma ferramenta para que poucos tenham o real conhecimento do que se pretende declarar, ou seja, o excesso de formalidade não deve servir para que a população não compreenda uma sentença, ou pior, seja responsável pela exclusão de um direito, o acesso ao conhecimento sobre as leis e direitos.

Ter apreço pela palavra certa dentro de uma frase ou período é um dom visto cada vez menos no universo jornalístico. E deveria ser uma obrigação. Quantos jornalistas você conhece que ainda recorre a um dicionário?

Eu, rapidamente, me lembro de apenas três.

14 de junho de 2011

A Voz de uma Lésbica Síria

Uma voz se levanta da internet e o mundo começa a saber o que acontece por dentro da sociedade síria. O país que se tornou alvo da revolta da opinião pública mundial há dois meses, quando um blog corajoso de uma lésbica começou a contar o que ela sofria devido as perseguiçoes do governo.

Amina Abdullah é a blogueira de 34 anos que se tornou o símbolo da revolução da Síria. Expressava-se com destreza sobre as situaçoes pelas quais vivia e sem medo das possíveis represálias, comparava o que ocorria em seu país com o que poderia ser se vivesse nos Estados Unidos, país de sua mae.

Ela passou a vida entre Estados Unidos e Síria. Depois de estampar o The Guardian, a vida da blogueira mudou. Neste momento, você já deve ter percebido que alguma coisa errada deve ter acontecido.

O ápice da história acontece quando seus posts, escritos em ótimo inglês sobre sua homossexualidade e a política síria, cessaram por algum tempo e retornaram com sua família informando que ela havia sido presa pelo governo.

Sim, a farsa foi desmontada quando O blogueirO escocês de 40 anos confessou que era o autor do blog, Nesta entrevista para a Veja ele tenta explicar um pouco o que levou a escreversobre o tema, ja que alega ser heterossexual, mas o mais interessante foi a comoçao que o assunto tomou na mídia.

O cara responsável pela farsa está em, digamos, apuros. Pelo penos um pequeno apuro. Agora ele tem que lidar com a ira de fãs raivosos que estão indignados por terem sido enganados; tem que lidar com a imprensa que o aponta como um mentiroso que poderia ter dito que o que estava sendo feito era uma “obra ficcional baseada em fatos reais” e ainda convive com dezenas de e-mails e telefonemas querendo que ele, continue, por se explicar e responder quais motivos levaram-no a se colocar na pele de uma lésbica siria.

Para a silenciosa parte da sociedade síria, seu blog representava um ato de liberdade. Somente por meio da web aquele grupo poderia libertar-se utilizando as experiências de uma parceira lésbica, que havia se voltando contra o stablishment de sua sociedade e se tornado uma ferina adversária política de um governo, ficando em poucas palavras, autoritário.

O fato de Amina, não ser mais a Amina que todos acreditavam diminui a importância que o blog tinha? O fato da fake Amina ter trazido esperança, diálogo e levado à mídia o que acontece no âmago de uma sociedade fechada já não tem o seu valor? Se ele tivesse dito que era uma obra de ficcão baseada em fatos reais teria recebido o mesmo tratamento e respeito?

Tudo isso, desde os posts ao desenrolar dos fatos, valem pela boa reflexão.

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails