O caso das três integrantes de um grupo punk chamado Pussy
Riot dividiu a sociedade russa e levou para fora das fronteiras do domínio de
Putin a discussão sobre a democracia e o sistema judiciário do país. Elas estão
há mais de quatro meses detidas por terem improvisado no dia 21 de fevereiro,
na catedral de Cristo Salvador de Moscou, uma "oração punk"
intitulada "Maria mãe de Deus, tire Putin".
No último episódio do caso, as roqueiras feministas rejeitaram
as acusações de vandalismo na principal catedral de Moscou, ação que pode levar Nadezhda
Tolokonnikova, de 23 anos, Maria Alekhina, 24, e Yekaterina Samutsevich, 29, a até sete anos de prisão.
Mais de cem artistas influentes da Rússia escreveram uma
carta aberta colocando em xeque o sistema judiciário do país e a credibilidade
das instituições democráticas, documento este que deixava clara a opinião da
elite intelectual do país sobre a prisão das garotas: não se tratava de um
crime, mas sim - como chamaram - de repressão por consciência política.
Vale a ressalva: a reeleição de Wladimir Putin, novamente ao
cargo de presidente da Rússia, contou com episódios que passaram por denúncias
de fraudes até intensos protestos na Praça Vermelha, no centro nervoso de
Moscou.
Em um país que se declara laico, o apoio do patriarca da
igreja ortodoxa ao novo presidente – apesar de todas as demonstrações da
sociedade russa – teria sido o estopim para o protesto das meninas no altar da
igreja.
Se condenadas, elas podem pegar até sete anos de prisão,
porém, apesar de o julgamento (que iniciou no dia 30 de julho) não ter previsão
para terminar, o tribunal já decidiu pela clausura das três por mais seis
meses.
Deve ser horrível viver em um país no qual os poderes, que
deveriam ser independentes entre si, vivem às voltas com favores e pedidos de
políticos e empresários poderosos.
Artista russo protesto prisão do trio Pussy Riot (Reuters)