13 de fevereiro de 2008

Se o Capitão Nascimento te fez uma vez refletir sobre a violência carioca, já valeu a pena

Tropa de Elite também aborda a importância do Bope (uma espécie de divisão especial da polícia) para a manutenção da paz no Rio de Janeiro. Fala que sem eles o caos imperaria. A questão é que para manter esse equilíbrio na cidade, o Bope se utiliza de métodos, digamos, hm… não muito convencionais. Tortura seria um deles. Só o fato do símbolo do Bope ser uma CAVEIRA com uma faca no afundada no CRÂNIO já revela bastante sobre a corporação.

Interessante também que, mesmo que indiretamente, é abordada a questão dos incentivos no filme (algo que eu, particularmente, gosto bastante de observar). Vamos aos fatos. A polícia militar do Rio de Janeiro recebe um salário baixo > A criminalidade no Rio de Janeiro é gigantesca, e com armamento pesado > O que ela faz: se omite ou se arrisca?

Outro debate interessante gerado com o filme é sobre a índole do Capitão Nascimento: se ele é um herói ou vilão. Inclusive, sacrifica sua vida pessoal pra isso.
O mais legal do filme reside justamente aí, em retratar a hipocrisia da classe média, que organiza passeatas pela paz mas, ao mesmo tempo, financia o tráfico e a
violência. Daí tem os debates acadêmicos, expondo a debilidade da teoria x prática e as conclusões muitas vezes inúteis tiradas deles. Tudo verdade. Quando conversei com um amigo que faz jornalismo e com uma outra amiga que estuda psicologia e AMBOS não haviam percebido que um dos motes do filme é justamente esse, mostrar que a classe media financia diretamente o trafico, pude perceber o quanto os acontecimentos são esfregados em nossas caras mas mesmo assim, não conseguimos enxerga-los. Algumas coisas no filme eu posso dizer que sim, são incrivelmente realistas.

A discussão na faculdade, por exemplo, é exemplar. Em toda sala tem o sujeito que quer fazer de tudo para manter o sistema, e a sua antípoda, aquele que faria a qualquer minuto uma revolução. Mas pior que ela é a realidade do loteamento feito pela Polícia Militar carioca (e muitas vezes por extensão, qualquer uma do país). O caso do marronzinho multar e guinchar os carros ao bel prazer é bem simbólico. Eu mesmo sei de um caso de um fiscal que fez o dono de um terreno comprar 500 mudas para não ser multado pela Policia Ambiental, certo se não fosse por um detalhe, esse numero preenche TODO o terreno, ou seja, não era exatamente o meio ambiente que ele queria salvar, e sim, a sua própria conta bancaria.

Eu me pergunto quantas crianças precisam morrer para que um playboy possa enrolar um baseado?” - Pra mim, essa é a frase que resume o filme. É a frase que fica depois de assisti-lo.

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails